sexta-feira, 31 de julho de 2009

Atuar

Quero sentir de novo o cheiro do teatro. Da máquina de fumaça. O nevoeiro que fica com sabor de maçã verde e impregna a roupa.
Quero sentir o cheiro da madeira e do figurino guardado. Os olhos arderem e o corpo esquentar com as luzes da ribalta.
Quero sentir o movimento da cortina quando se abre.
Quero sentir o linóleo tocar a sola dos meus pés, a ponta dos meus dedos. Quero seguir a rotunda com as mãos, sem medo de cair no escuro.
Quero me enrolar nas pernas do palco.
Quero saborear o frio na barriga que dá antes do espetáculo. Quero tocar o chão antes de entrar em cena e gritar merda, mãos com mãos.
Quero ouvir um sinal. Quero ouvir dois. Quero mais ainda ouvir o terceiro.
Quero ficar na coxia, quietinha, esperando minha deixa.
Quero mais camarim. Quero mais palco. Quero platéia.
Quero ser Medéia, Lisístrata. Eu quero ser Nora na minha Casa de Bonecas.
Quero ser Ofélia, Lady Macbeth, Jocasta. Mas também quero ser Julieta.
Quero ser Alaíde, Lúcia. Quero ser Engraçadinha, Dorotéia e Glorinha. Todas as mulheres de Nelson.
Quero ser a Joana de Chico.
Quero ser Dulcinea, quero ser Capitu. Quero ainda ser Lolita.
Quero ser Inês com toda a minha farsa. Quero sonhar como Luísa.
Quero ser todas em uma só.
Quero atuar. Atuar pra poder voar.




En una palangana vieja sembré violtas para ti

En una palangana vieja sembré violtas para ti

Y estando cerca del rio, en un caracol vacio

En un caracol cogi un cochucho para ti...

...A las cosas que son feas ponles un poco de amor

A las cosas que son feas ponles un poco de amor

Y veras que la tristeza, y verás que la tristeza

Y verás que la tristeza va cambiando de color.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Faz de Conta

O final de semana foi delicioso. Nada de especial, simples.
Sexta coloquei todas as bichas para fora e isso me rendeu uma sensação de alívio que tem durado até hoje.
Sábado um dia mais de mudanças em casa. Roxo e lilás nas paredes para alegrar e confortar. "Transmutação", de acordo com o feng shui. Muita risada com a Valentina e seu focinho roxo depois de mergulhado na tinta. Experiências gastronômicas na cozinha resultaram em uma cuca de banana frustrada que a Juliana Paes com certeza fez melhor no Estrelas. Mas mesmo assim estava deliciosa. Á noite, sopa bem quente para um dia frio e filme bobinho só pra dar risada.
Domingo um filme cabeça para chorar e pensar na vida. "O Escafandro e a Borboleta", simplesmente incrível. Mais arrumação em casa, agora com tudo (quase) no lugar. Sensação gostosa de dever cumprido.
E hoje li esta linda crônica no blog da Silmara Franco. Inspirador... simples assim.
Acho que já comecei a fazer tudo de verdade...

sábado, 25 de julho de 2009

Gentileza


Vou participar da campanha " Gentileza gera Gentileza".

Esses dias me peguei pensando em como nós não somos gentis uns com os outros. Em como a "consideração alheia" está tão fora de moda. E como a gente vê isso muito bem quando está no trânsito.

Quanto tempo você economiza do seu dia não dando passagem para o carro que está entrando na faixa? Sei lá, uns 3 minutos... E ultrapassando uma fila de carros, sem esperar, como todo os outros? Quase 5 minutos... E os motoqueiros cortando os carros? Uns 10 minutos e alguns retrovisores quebrados... E o que custa dar a seta para mudar de faixa? Milésimos de segundos e talvez uma batida ou uma perna quebrada de alguém... Mas compensa?

Esses dias o porteiro do meu prédio interfonou dizendo que a minha vizinha de garagem pediu que eu estacionasse meu carro mais centralizado na vaga porque ela tinha dificuldades de sair do seu. Isso sem considerar que assim eu não saio do meu, já que o sedan dela esmaga meu mísero Ka contra a parede. E o que eu faço desde então? Encosto meu carro na parede, do lado do passageiro, para que ela possa abrir a porta sem dificuldades, ou paro na minha outra vaga, no piso inferior. Gentileza, muito prazer. E o que ela tem feito desde então? Parado seu carro mais no canto, perto de uma vaga em que quase não é usada, para que assim eu consiga sair do meu carro e ela também. Gentileza gera gentileza.

Uma amiga me contou que estava no trânsito quando viu um homem tentando avançar o sinal vermelho na rua ao lado. Ela diminuiu para dar passagem, já que o homem parecia bastante nervoso. Entretando, os outros carros não, e continuaram em frente. Alguns reclamavam, buzinando, sem levar em consideração que havia uma mulher em trabalho de parto no banco de trás... Gentileza, por favor.

Mas ainda há um caso de gentileza que talvez seja um fiozinho de esperança para a salvação da humanidade. Uma gentileza coletiva que a gente presencia quase todos os dias. É só reparar... quando há uma ambulância querendo passar todos os carros abrem espaço, sobem na guia, mudam o rumo, ultrapassam sinais... enfim, Gentileza.

É, parece que os homens podem ser gentis diante do sofrimento humano.

PS: Gentileza Gera Gentileza é uma ação social, criada para espalhar as mensagens de amor e paz deixadas originalmente por José Datrino, o Profeta Gentileza (http://www.gentileza.net/).

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Bagunça

Arrumando a casa
e desarrumando a vida.

domingo, 12 de julho de 2009

Pela janela

É engraçado como pequenas atitudes mudam todo um dia.

Muitas vezes nos seguramos para não fazer o que queremos, temos medo das consequências e do que vão pensar de nós. Nos seguramos para não falar o quanto gostamos de alguém, o quanto amamos nossos pais ou como uma pessoa é importante na nossa vida. Apertamos as rédeas com medo do que está por vir, do que iremos sentir e de sofrer ainda mais. E assim as horas, os dias e os momentos passam. E com eles passam as pessoas, os amigos, os possíveis amores da nossa vida. Passam as nossas chances, as nossas oportunidades de sermos felizes. E tudo isso porque nos seguramos pra não ligar, pra não falar, pra não sentir, pra não sofrer, pra não viver intensamente.

Por isso é engraçado como pequenas atitudes mudam todo um dia. Um sorriso, um obrigado, uma gentileza... o telefonema da pessoa que você espera... não é Pequena?

"Você me ligou naquela tarde vazia e me valeu o dia"





Pequena

Voa, voa... voa alto.
Voe livre das tristezas, dos traumas, dos não correspondidos.
Voe acima dos teus planos, dos teus sonhos e do que sempre esperam de você.
Voe livre da insegurança
Voe livre do medo
Voa, voa... voa mais alto.
Voe e se permita sentir, amar, ser amada.
Voe pra rir, gargalhar, perder o fôlego.
Voe pra viver, pra libertar, pra se alcançar
Voe pra entender, pra desvendar ou bagunçar ainda mais.
Mas voa, voa... cada vez mais alto.


É, Pequena, Deus estás jogando playstation com a vida da gente...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Valentina


a cachorrinha
(Vinicius de Moraes/Antônio Carlos Jobim)
Mas que amor de cachorrinha!
Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha
Do que a tua barriguinha
Crivada de mamiquinha?
Pode haver coisa no mundo
Mais travessa, mais tontinha
Que esse amor de cachorrinha
Quando vem fazer festinha
Remexendo a traseirinha?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sentimentalità


sentimentalismo. Qualidade que tem as coisas que pretendem emocionar ou fazer chorar, e que provocam intencionalmente sentimentos de afeto, compaixão e ternura.

Por que a gente fica tão sentimental em alguns momentos da nossa vida?
Ontem foi um dia cheio desses momentos...
...a reprise do depoimento da filha de Michael Jackson no seu funeral e o narrador dizendo que foi preciso que ele morresse para descobrirmos que ele era um bom pai... e então algumas lágrimas.
... a volta ao antigo apartamento na Maria Antônia e um filme passando na minha cabeça cheio de estórias já contadas... e então outras tantas lágrimas.
... uma noite bem mal dormida e uma manhã bem mal acordada por causa de dor de coração... e então uma lágrima (que eu fiz questão de enxugar logo).
"Quem é mais sentimental que eu?"
Mas ontem também foi dia de PPP na Praça Roosevelt com companhias especiais...
Entre um P e outro, foram muitas brincadeiras fotográficas que resultaram em cliques maravilhosos... como este que ilustra esta postagem e a nova foto do meu perfil... adoro...
Sentimentalismos à parte, deixo beijos para quem fica...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Crepúsculos

Voltando para a cidade grande, saindo da bolha...
Já com saudades das gargalhadas, da música sertaneja (?!), da vanilla pura, do label misturado com energético ou água de coco (saudável!), dos MV´s (é, São João também tem activia), do bolo de fubá e do moranguinho com chocolate que a gente só come nessa época do ano... Do colo da família, das amigas inseparáveis, dos sobrinhos postiços mais lindos desse mundo e do gostinho de infância que só lá a gente tem...
Para completar, ontem assisti a mais nova febre teenager do momento: "Crepúsculo". Confesso, quero um vampiro pra mim. Depois disso tudo, só estou com medo de voltar no tempo, começar a ouvir Jonas Brothers, escrever no diário, instalar o ICQ, colecionar papel de carta, pendurar poster do Brad Pitt na parede e chorar no último episódio do The OC (isso eu ainda faço, rs)...

É, saudade é bom... é a maior prova de que o passado valeu a pena...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Nem um Dia


Arrumando as malas para fugir para o interior... e aquela música do Djavan não sai da minha cabeça hj. "um dia frio...". vou em busca de um bom lugar pra ler um livro então...
Beijos para os que ficam...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Medo da Eternidade


"Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem que espécie de bala ou de bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava pra comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:

- Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.

- Como não acaba? - Parei por um instante na rua, perplexa.

- Não acaba nunca, e pronto.

Eu estava boba, parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor de rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor de rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta.

Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.

- E agora que é que eu faço? - perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.

- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.

Perder a eternidade? Nunca.

O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamos-nos para a escola.

- Acabou o docinho. E agora?

- Agora mastigue para sempre.

Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.

Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava era aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

- Olha só o que me aconteceu! - disse eu em fingidos espantos e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!

- Já lhe disse - repetiu minha irmã- que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da boca por acaso.

Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim."


Obrigada, Clarice.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Estréia



















Vou tentar entrar nesse mundo de blogs. Não prometo postagens constantes, recentes, frequentes e interessantes. Prometo divagações, frases à toa, frases feitas e pensamentos publicáveis. Quero pirilimpar por aí.